Manauê de milho verde
Minha mãe conta que meu avô Amaro costumava comprar sacas de milho verde de tempos em tempos e minha vó Anaide passava horas ralando as espigas e preparando diversos pratos com a massa. Herança dos tempos coloniais em que havia uma diversidade grande de pratos na hora do café da manhã e da merenda da tarde, que substituía, muitas vezes, o jantar. Era o que eles chamavam de ceia.
Nossa prima Nelma (prima-irmã de minha mãe) me pediu a receita de manauê de milho verde, mas a nossa geração não chegou a provar deste bolo específico. Então o jeito foi pesquisar na internet.
Eu já conhecia o manauê de mandioca/aipim/macaxeira e o primeiro manauê de Recife que achei era de fubá, mas meio que descartei esta receita, por conta das história das espigas de milho.
A minha mãe lembrou que a mãe dela fazia este bolo quando ainda morava no Recife e que quando ela chegou no Rio de Janeiro já não fazia mais. Por isso a minha geração já não conhece a receita da vovó.
Achei algumas receitas na internet, inclusive uma que é de fubá, mas resolvi preparar uma de milho verde, mudando o modo de fazer, adaptando ao meu tempo disponível.
É hora de fazer a ponte entre o passado e o presente!!!!!
'Bora lá??????
Ah! Resolvi inverter as fotos (normalmente eu coloco a foto do bolo inteiro primeiro e depois da fatia) porque este bolo, mesmo não levando ovo, cresce muito, cria uma casquinha e depois murcha. Então as bordas dele ficam irregulares e esteticamente esquisitas, mas resolvi deixar mesmo assim para que quem for fazer o bolo não se assuste com o jeitinho meio desengonçado da borda. Ele é assim mesmo e é muito gostoso.
E é por isso também que a fatia parece um trapézio bem irregular, menor na parte interna e maior na externa.
Uma pena que a minha mãe disse que não é o manauê da vovó.
Mas que eu tentei, eu tentei!!!!!
Ingredientes:
- 10 espigas milho (milho novo);
- 300g de açúcar;
- leite grosso de 1 coco;
- leite fino de 1 coco;
- bagaço do coco fresco;
- 5 colheres (das de sopa) de manteiga;
- sal a gosto;
- 1/2 litro de leite de vaca.
O primeiro passo é preparar o leite de coco grosso e o leite de coco fino, o que é muito simples.
Retire a água do coco e use-a para bater o coco picado.
É preciso 250ml de água quente para fazer o leite grosso e mais 250ml para fazer o leite de coco fino.
Geralmente 1 coco médio no ponto, rende cerca de 180ml de água. A água vai secando conforme o coco envelhece. Complete a medida necessária para preparar os leites com água filtrada.
Quebre e descasque o coco, retirando a casca mais fina, interna.
Aqueça a primeira medida de água até começar a ferver, mas não precisa borbulhar.
Coloque o coco picado no liquidificador com os primeiros 250ml de água quente e bata bem.
Forre uma peneira ou cuscuzeira com um pano de sacaria e despeje o coco batido.
Esprema bem e reserve o bagaço.
Este primeiro leite é o leite grosso.
Aqueça os segundos 250ml de água, coloque o bagaço de coco no liquidificador e junte a água.
Torne a bater e a coar no pano de sacaria.
Este segundo leite é o leite de coco fino.
Reserve os 2 leites e o bagaço.
Descasque, lave e corte os grãos das espigas com uma faca.
Como os liquidificadores domésticos tem uma capacidade de apenas 1 1/2l (além da margem de segurança) é preciso bater os grãos de milho em porções.
Comece separando os grãos em 2 metades (5 e 5 espigas) e novamente divida as primeiras 5 espigas em porções, batendo com o meio litro de leite de vaca. Coloque o equivalente à 2 espigas de milho no liquidificador e bata com o leite. Com o liquidificador ainda ligado, vá acrescentando mais grãos até terminarem as primeiras 5 espigas.
Se começar a forçar o motor, despeje parte deste creme em uma bacia e bata os grãos restantes.
Já acrescente o açúcar neste primeiro creme.
Bata as 5 espigas restantes junto com os leites de coco (o grosso e o fino), fazendo a mesma coisa: coloque o equivalente a 2 espigas e o meio litro de leite de coco e, com o liquidificador ligado, vá acrescentando os grãos restantes.
Conforme for ficando grosso, vá despejando a massa sobre a primeira massa de milho.
Continue o processo até terminarem todos os grãos.
Minha avó, se fizesse o bolo com grãos de milho, teria coado a massa em um pano de sacaria para reter todo o bagaço do milho, mas até que eu gosto de senti-los na massa, junto com o bagaço do coco.
Quando estiver batendo a última porção de grãos, acrescente a manteiga e o sal.
Misture toda a massa, a batida com o leite de vaca e a batida com o leite de coco.
Junte o bagaço de coco, misturando bem, e coloque em uma forma de pudim de 25 cm de diâmetro ou em uma forma grande retangular 40 x 60, altas, apenas untadas com manteiga e leve para assar até dourar bem.
Não gosto de dar tempo de forno porque este tempo vai variar de acordo com o tipo de forno (se é elétrico, a gás, se é de fogão de 4, 5 ou 6 bocas) e com o tipo de aquecimento, se é elétrico, a gás de botijão, de cilindro ou de rua, mas, usando a forma de pudim alta, um fogão de 6 bocas e gás de botijão, meu bolo levou 2h 20' para ficar pronto. Certamente se eu tivesse usado uma assadeira retangular, o tempo seria menor.
Apesar de não levar fermento, nem ovo, o bolo cresce muito enquanto está assando e conforme esfria, ele vai baixando e ficando mais firme.
Deixe esfriar totalmente antes de desenformar.
Algumas receitas de manauê são assadas sobre a própria palha do milho ou sobre folhas de bananeira, mas eu preferi usar a forma untada com manteiga.
E como eu não consegui a receita da minha avó, me baseei nesta receita daqui.
Para ver outras receitas de bolos, caldas, recheios e coberturas acesse o Índice 2.
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